O tremor é o movimento involuntário mais comum, sendo definido como oscilação rítmica de uma determinada parte do corpo decorrente de contrações de músculos antagonistas, podendo estas serem síncronas ou alternantes. Esse processo pode ser fisiológico, logo, não associado a doença ou associado a doença.
O tremor pode ser classificado de diversas maneiras: de acordo com a etiologia, fenomenologia, frequência e localização.
Segundo as circunstâncias em que se manifesta o tremor, pode ser de repouso e ação. A frequência do tremor, que é o número de oscilações em uma unidade de tempo, pode ser classificada em baixa, média e alta.
Entre os tremores têm:
Tremor Fisiológico
Esse tremor está presente em todas as pessoas, mas não costuma ser visível, a não ser em algumas situações, como estresse, ansiedade e outras condições, como fadiga muscular, hipoglicemia, hipertireoidismo, uso de medicamentos de algumas medicações, além do uso excessivo de cafeína.
Sua frequência é de 8 Hz a 12 Hz e pode variar com a idade.
Tremor Parkinsoniano
O tremor parkinsoniano típico é de repouso e pode ser suprimido no início de uma ação, mas, depois de um período de latência, tende a retornar (chamado tremor reemergente). Desaparece durante o sono e piora em situações de estresse e durante a marcha.
Os braços são os segmentos mais acometidos, seguidos das pernas e do queixo.
O início do quadro costuma ser unilateral e apresenta frequência em torno de 4 a 7 ciclos por segundo além do tremor de repouso, pode ocorrer tremor de ação ou de postura, sendo comum essa combinação, cuja frequência do tremor de ação do parkinsoniano costuma ser mais rápida, podendo variar de 6 a 12 ciclos por segundo.
Tremor Cerebelar
O tremor cerebelar é também denominado tremor intencional, cuja frequência de 2 a 5 Hz, ocorre em ação e piora ao atingir um alvo, podendo ser unilateral ou bilateral.
Pode haver a presença de um componente postural. Desaparece durante o sono e relaxamento completo. Em geral, o paciente apresenta oscilação rítmica da cabeça e/ou do tronco, a qual é denominada titubeação.
O tremor é decorrente de lesão no cerebelo ou de suas vias aferentes, ou eferentes, sendo considerado sintomático. Outros sinais cerebelares como disartria, nistagmo, dismetria, ataxia e hipotonia costumam estar presentes.
Tremor de Holmes
O tremor de Holmes era anteriormente denominado tremor rubral ou mesencefálico por acreditar-se que era decorrente de lesões apenas no mesencéfalo.
Trata-se de um tremor unilateral de repouso, postural e de ação especialmente na tentativa de atingir um alvo, afetando tanto a parte distal como proximal do membro.
Tem baixa frequência (menor que 4,5 Hz), piora quando o indivíduo muda da posição de repouso para manutenção de postura e é extremamente incapacitante. É secundário a uma lesão que pode estar localizada no tronco cerebral, tálamo ou cerebelo, ou nigroestriatal, ou nas vias que unem essas estruturas.
As causas mais comuns são doença cerebrovascular, tumores, infecções e traumatismo cranioencefálico.
Tremor Essencial
É a forma mais comum de tremor e caracteriza-se por ser cinético (durante a ação) e de postura, podendo afetar qualquer parte do corpo, sendo os membros superiores e o segmento cefálico os mais frequentemente acometidos.
Tremor Essencial (TE) tem início lento e insidioso e pode ocorrer em qualquer idade, embora no final da adolescência ou após os 50 anos se encontrem os picos mais frequentes de início do quadro. A frequência do tremor varia de 4 a 12 Hz e está inversamente relacionada com a idade.
As mãos são acometidas em cerca de 90% dos casos, com a característica do movimento em flexão e extensão. O início geralmente é bilateral e pode ser de maneira assimétrica. Algumas vezes, pode ser unilateral, mas após algum tempo se torna bilateral. A característica do tremor é de ação ou postura, mas em alguns prevalece uma sobre a outra e, usualmente, desaparecem em repouso e durante o sono. Além das mãos, pode também estar presente em outras partes do corpo, especialmente na cabeça e durante a fala tornando a voz tremula.
O tremor piora com ansiedade, fadiga muscular e situações de estresse social, podendo provocar embaraços sociais e profissionais. Na maioria dos pacientes, não causa incapacidade, porém muitos se queixam de alguma dificuldade.
Existem tratamentos eficazes para Tremor?
Sim, existem:
- A depender da causa, algumas medicações podem levar a melhora significativa do tremor ou pelo menos amenizar os sintomas.
- Caso seja secundário a alguma medicação, é interessante tentar trocar a medicação ou reduzir dose se for possível.
- Em relação ao tremor essencial ou ao tremor pela Doença de Parkinson também tem a possibilidade de Estimulação Cerebral Profunda, conhecido também como DBS.
- Toxina botulínica pode ajudar em casos selecionados.
Referência:
TRANSTORNOS DO MOVIMENTO Diagnóstico e Tratamento. 2 º edição. São Paulo, 2016.