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  • Dra. Renata Garcia
  • maio 3, 2025
  • 5:16 pm

Indicações e Pré-requisitos para Estimulação Cerebral Profunda (DBS) na Doença de Parkinson

Para considerar a DBS, o paciente deve apresentar pelo menos uma das três indicações clínicas abaixo:

1. Complicações Motoras

É a indicação mais frequente para DBS. Envolve a presença de flutuações motoras e/ou discinesias que não são mais controladas de forma satisfatória com ajustes de medicação.

Critério 5-2-1:

  • Ingestão de 5 ou mais doses de levodopa por dia
  • Presença de 2 ou mais horas em estado “OFF” por dia
  • 1 hora ou mais de discinesia incapacitante

Embora o critério 5-2-1 seja um bom guia para triagem, ele não é obrigatório. A ausência de longos períodos de “OFF” ou discinesias severas não exclui o benefício da DBS, especialmente se outros critérios forem atendidos.

2. Tremor Refratário

Pacientes com tremor que não respondem à levodopa, mesmo em doses otimizadas, também podem se beneficiar da DBS. Essa condição é desafiadora, pois os tremores refratários tendem a impactar severamente a qualidade de vida e frequentemente são resistentes a outras terapias.

Estudos sugerem que tremores que persistem mesmo com doses de LEDD ≥900 mg/dia podem ser considerados refratários. A resposta pobre à medicação é um indicativo valioso da necessidade de intervenção cirúrgica.

3. Intolerância à Medicação Dopaminérgica

Alguns pacientes não conseguem aumentar a dose de levodopa por apresentarem efeitos adversos significativos, como:

  • Sonolência excessiva
  • Hipotensão ortostática
  • Náuseas ou vômitos
  • Transtornos do controle de impulsos
  • Psicose induzida por medicação

Nesses casos, a DBS pode reduzir a necessidade de medicamentos e, assim, minimizar os efeitos colaterais indesejáveis.

Cinco Pré-requisitos Obrigatórios para Elegibilidade

Além de preencher pelo menos uma indicação, o paciente precisa cumprir cinco pré-requisitos para ser considerado um bom candidato à cirurgia. O não cumprimento de qualquer um deles pode comprometer os resultados ou aumentar os riscos do procedimento.

1. Diagnóstico de Doença de Parkinson Idiopática

A DBS é eficaz apenas em pacientes com Parkinson clássico. Formas atípicas, como paralisia supranuclear progressiva ou atrofia de múltiplos sistemas, não respondem bem ao procedimento.

2. Duração mínima de 4 anos da doença

Esse critério busca evitar o risco de operar pacientes com síndromes parkinsonianas atípicas, que muitas vezes só se revelam após alguns anos de evolução. Com o avanço nos critérios diagnósticos da MDS, espera-se que a indicação precoce da DBS possa ser individualizada no futuro.

3. Resposta de pelo menos 33% ao teste com levodopa

A prova dopaminérgica (ou teste de levodopa) é um forte preditor de resposta positiva à DBS. O teste envolve a comparação da pontuação UPDRS-III em estado “OFF” (após 12 horas sem medicação) e “ON” (no pico da levodopa). Uma melhora de 33% ou mais sugere boa resposta à estimulação.

4. Ausência de demência ou transtornos psiquiátricos descompensados

Pacientes com comprometimento cognitivo significativo não se beneficiam da DBS e apresentam maior risco de complicações neuropsiquiátricas. Transtornos como depressão grave ou psicose devem estar estabilizados antes de considerar reavaliar a cirurgia.

5. Capacidade de seguir com acompanhamento frequente

A DBS exige ajustes finos de programação, monitoramento clínico e suporte contínuo. Pacientes e cuidadores devem estar preparados para comparecer a consultas frequentes após o procedimento. A adesão inadequada ao seguimento pode comprometer os resultados a longo prazo.

Resumindo:

O DBS é uma ferramenta poderosa no arsenal terapêutico contra a doença de Parkinson, mas seu sucesso depende de uma seleção rigorosa de candidatos. A decisão deve sempre ser tomada por uma equipe multidisciplinar, envolvendo neurologistas especializados em distúrbios do movimento, neurocirurgiões, neuropsicólogos e fisioterapeutas.

Resumidamente, o paciente ideal para DBS é aquele com diagnóstico confirmado de DP idiopática, boa resposta à levodopa, doença evoluindo há mais de quatro anos, cognitivamente preservado, e com alguma das três indicações principais: complicações motoras, tremor refratário ou intolerância à medicação.

Com critérios bem definidos e acompanhamento especializado, a DBS pode oferecer melhora significativa na qualidade de vida de pacientes selecionados com doença de Parkinson.

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Dra. Renata Garcia

Neurologista em São Paulo
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