A doença de Parkinson (DP) é uma doença comum e complexa, que apresenta distribuição universal e atinge todos as classes socioeconômicas, com discreto predomínio do sexo masculino.
A DP é um distúrbio neurológico que ocorre quando certas células nervosas (neurônios) no cérebro adoecem afetando, predominantemente, a produção de dopamina, um neurotransmissor muito importante no controle do movimento e da coordenação.
Essa doença é conhecida por manifestar tanto sintomas motores quanto sintomas não motores.
Dentro dos sintomas motores, todos lembram rapidamente do tremor, porém Doença de Parkinson não é só isso.
Segue os principais sintomas motores de Doença de Parkinson abaixo:
Os sintomas motores cardinais são:
– Bradicinesia: Definida como lentidão dos movimentos associada a decréscimo na amplitude ou na velocidade do movimento, podendo haver hesitações e interrupções dos movimentos continuados.
– Rigidez: Avaliada por movimentos lentos passivos das grandes articulações com o paciente em uma posição relaxada. O examinador avalia os membros e o pescoço. A rigidez é uma resistência independente da velocidade utilizada no movimento passivo.
– Tremor de repouso: O tremor parkinsoniano característico é distal e de repouso, na frequência de 3 a 6 Hz, usualmente de início unilateral, embora algumas vezes o pé e a mandíbula possam ser inicialmente afetados.
– Instabilidade postural: Embora muitos critérios considerem a instabilidade postural uma característica fundamental da doença, em geral não ocorre no início do quadro. Logo, novos critérios diagnósticos o tiraram dos sintomas cardinais para o diagnóstico da DP. Além disso, se ocorre muito precocemente, fala a favor de outras possibilidades diagnósticas.
Outros achados, é a letra ficar menor com o tempo, redução dos movimentos dos músculos da face e marcha em pequenos passos.
Com a evolução, os pacientes com Parkinson comumente podem apresentar outros sintomas como as discinesias. Discinesia é um movimento involuntário, sem propósito algum, que às vezes parece uma dança. Esses movimentos estão associados ao tempo de doença e ao uso de remédios que repõem a dopamina.
Entre as manifestações não motoras, há alterações do olfato, depressão, distúrbio comportamental do sono REM, disfunções autonômicas, distúrbios da fala, constipação, excesso de saliva e dificuldades de mastigação.
Para o diagnóstico de DP clinicamente estabelecida segundo a MDS-PD, são necessários ausência de critérios de exclusão absolutos, pelo menos dois critérios de suporte e ausência de sinais de alerta (Red flags).
O primeiro critério essencial é o parkinsonismo, o qual é definido como a presença de bradicinesia, em combinação com pelo menos tremor de repouso ou rigidez. Uma vez que o parkinsonismo tenha sido diagnosticado:
Critérios de suporte:
- Resposta benéfica clara e dramática à terapia dopaminérgica. Durante o tratamento inicial, o paciente deve voltar para níveis normais ou quase normais de função. Na ausência de documentação clara da resposta inicial, a resposta dramática pode ser classificada como:
- Melhora marcada com aumento da dose ou piora marcada com redução da dose. Modificações leves não são suficientes. Deve-se documentar isso objetiva (mais de 30% de mudança na UPDRS III com o tratamento) ou subjetivamente (histórico de alterações marcadas claramente documentadas por informações fidedignas de um paciente ou um cuidador).
- Inequívocas e marcadas flutuações on/off, que devem ter em algum momento fenômeno de wearing off previsível.
- Presença de discinesia induzida por levodopa.
- Tremor de repouso de membro documentado no exame clínico (passado ou atual).
- Presença de perda olfativa ou denervação simpática cardíaca com metaiodobenzilguanidina.
Diagnósticos diferenciais
A DP é uma das formas mais comuns de parkinsonismo, mas lembrar que há outras causas de parkinsonismo também. Entres as outras causas têm os parkinsonismo atípicos como a Atrofia de Múltiplos Sistemas, Paralisia Supranuclear Progressiva e Demências por corpúsculos de Lewy.
Além disso, o parkinsonismo por ocorrer em decorrências de medicações e outras doenças adquiridas, como AVCs, infecções e causas toxicas metabólicas.
Existem tratamentos eficazes para Doença de Parkinson?
Sim, existem!
O tratamento envolve o uso de medicações que repõem a dopamina e em casos selecionados a neuromodulação como a Estimulação Cerebral Profunda.
Além disso, é importantíssima a reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia e o estímulo a prática de exercício físico.
A depender dos sintomas o paciente, também, pode se beneficiar da aplicação da Toxina botulínica.
Referência:
TRANSTORNOS DO MOVIMENTO Diagnóstico e Tratamento. 2 º edição. São Paulo, 2016.
Postuma RB, Berg D, Stern M, et al. MDS clinical diagnostic criteria for Parkinson’s disease. Mov Disord. 2015;30:1591-601.